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quinta-feira, 19 de março de 2009

Menopausa não é doença, mas pode ser tratada!

A menopausa é um processo natural do organismo feminino. O assunto é uma das maiores preocupações das mulheres com mais de 40 anos, que, a cada ano, estão mais perto deste processo. Mesmo sendo um estágio normal da vida da mulher, o climatério assusta, não só pelos preconceitos de uma sociedade que supervaloriza a juventude, principalmente a das mulheres, e por alguns mitos e mal-entendidos, mas especialmente pelos sintomas que costumam acompanhá-lo.

Levando em conta os fatores biológicos, o ser humano preza e tem comprometimento com a perpetuação de sua espécie. Neste sentido, a fertilidade é tida – fisiologicamente, historicamente e ainda culturalmente – como um dos mais fortes símbolos da feminilidade. Por isso, ao deparar-se com a chegada da menopausa, muitas mulheres ficam um pouco abaladas sentimentalmente, achando que, de certa forma, perderão parte de seu papel na sociedade.


Mas, é importante entender o que acontece com o corpo da mulher que começa a entrar na menopausa, que muito longe do que dizem, nada tem a ver com a idade em que se inicia o ciclo menstrual. A partir dos 40 anos, os ovários têm uma diminuição importante dos folículos que poderão se transformar em óvulos e vão diminuindo a produção dos hormônios básicos da mulher: o estrogênio e a progesterona. Menopausa é o nome que se dá à última menstruação que a mulher tem em sua vida (assim como menarca é o nome da 1ª menstruação) e, acontece quando a mulher pára de menstruar por completo, geralmente entre os 45 e 55 anos. Porém, até ela cessar completamente, é comum que os ciclos fiquem bastante irregulares, com alterações no fluxo e na frequência das menstruações.

O estrogênio é o hormônio principal da mulher, cuja produção começa ainda na adolescência, quando é responsável pelos sinais sexuais. É a falta dele que causa as ondas de calor em cerca de 75 a 80 % das mulheres. Além disso, a sua ausência provoca o ressecamento vaginal, que pode gerar dores e incômodos na hora do ato sexual e, consequentemente, a diminuição do desejo sexual. Muitas mulheres observam, ainda, certa diminuição do brilho da pele e aumento da gordura abdominal; essas duas modificações também são resultado da menor taxa deste composto no organismo.

O estrogênio também é relacionado ao equilíbrio entre as gorduras no sangue, ldl-colesterol e hdl-colesterol. Estudos afirmam que mulheres na menopausa têm mais risco de sofrerem ataques cardíacos ou doenças cardiovasculares. Sem falar que a falta deste hormônio pode causar depressão, irritabilidade e até mesmo aumentar as chances da mulher sofrer de Alzheimer. Por último, é na menopausa que a mulher começa a sofrer de osteoporose, já que o estrogênio desempenha o papel de fixar o cálcio nos ossos.

Para amenizar os sintomas da menopausa, o recomendável é que se tenha uma vida saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas frequentes. Já para diminuir os incômodos, evitar e controlar doenças consequentes, o tratamento a ser feito é a reposição hormonal, que pode ser administrado por via oral, via transdérmica (um adesivo colocado na superfície da pele ou em cremes e soluções aerosol), vaginal ou injetável. O tratamento subcutâneo também pode ser uma opção eficiente de tratamento. Ele consiste na aplicação de implantes com o material para reposição embaixo da pele, com duração de 6 meses.

Como a reposição hormonal é um assunto polêmico, o ideal é que a mulher procure um especialista para, juntos, avaliarem o seu caso e o tratamento mais indicado. Sobre os efeitos colaterais que ele pode gerar, com certeza serão mais brandos do que os problemas da própria menopausa. Além disso, o médico poderá indicar métodos eficientes para amenizar esses efeitos. Mas é essencial atentar para algumas medidas importantes, como nunca iniciar um tratamento de reposição hormonal sem supervisão médica ou, ainda, fazê-lo sem acompanhamento periódico. Parar o tratamento também não é recomendado, já que, em alguns casos, como o da osteoporose, por exemplo, os efeitos surgem após cuidados continuados.

Por Dr. Humberto Tindó
Chefe da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Quinta D'Or

Clique no ícone e ouça o Dr. Humberto Tindó falando sobre a menopausa



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