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terça-feira, 5 de maio de 2009

Métodos anticoncepcionais












Uma das perguntas que os ginecologistas mais ouvem nos consultórios é qual o contraceptivo mais adequado. A verdade é que cada método tem suas vantagens e desvantagens e alguns funcionam melhor do que outros para prevenir a gravidez. Além disso, é preciso ter em mente que todos têm suas limitações. Na escolha de qual adotar, é importante levar em conta diversos fatores, como a frequência das relações sexuais, a saúde geral da mulher e os possíveis efeitos colaterais de cada um. Não se pode esquecer, porém, que nem todo método anticoncepcional evita doenças sexualmente transmissíveis e, portanto, o uso da camisinha (masculina e feminina) é sempre recomendado.

Mas conhecer as opções disponíveis é fundamental para orientar-se nessa escolha. Os métodos contraceptivos dividem-se em 5 grupos: hormonais, de barreira, dispositivos intra-uterinos (DIU), cirúrgicos e comportamentais.

Métodos hormonais

A pílula anticoncepcional consiste na ingestão diária de hormônios, enganando o organismo, como se a mulher estivesse grávida. Assim, os ovários não produzem óvulos e a mulher não engravida. Existem diversos tipos de pílulas e apenas o médico pode receitar a mais indicada para cada caso. As mais comuns são:

Pílula diária:

Combinam os hormônios estrogênio e progesterona. Toma-se uma por dia, a partir do quinto dia de menstruação. Ao terminar a cartela, há uma pausa de uma semana, quando se deve iniciar nova cartela. Existem também pílulas de baixa dosagem, ou micro pílulas. Estas podem ser tomadas por lactantes e devem ser ingeridas todos os dias, sem interrupção. As desvantagens desses medicamentos vão desde efeitos colaterais como enjôo, inchaço, dor e sensibilidade nos seios, dor de cabeça, entre outros. Fumantes, e mulheres com problemas cardíacos, hipertensão, enxaqueca, derrame, ou outras doenças não devem usar pílulas. Além disso, caso haja falha na ingestão, o famoso esquecimento da pílula, a mulher corre risco de engravidar.

Anticoncepção de emergência:

Também conhecida como pílula do dia seguinte, é uma opção válida, mas que deve ser utilizada apenas, como o nome diz, em casos de emergência. É um medicamento hormonal oral que deve ser tomado até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Se tomada em até 24 horas, o índice de falha é de apenas 5%. Já entre 49 e 72 horas, o índice chega a 42%. A pílula não tem efeito caso a mulher já esteja grávida. O medicamento pode causar diversos efeitos colaterais e não deve ser usado como método regular.

Injeção anticoncepcionais:

São injeções de hormônios que duram de um a três meses e devem ser receitadas diretamente pelo médico. Tem alta eficácia e a mesma função da pílula diária, mas nesse caso não há o risco de esquecer-se de tomar o medicamento e é também indicada para mulheres que não podem tomar a pílula via oral. Também pode apresentar efeitos colaterais como dor de cabeça, ganho de peso e sangramentos.

Anel vaginal:

Anel contendo hormônios que é inserido pela própria mulher na vagina no início do ciclo menstrual. Permanece no corpo por três semanas, impedindo a ovulação como uma pílula diária. As vantagens são a absorção direta dos hormônios pela circulação e a não possibilidade de esquecimento da pílula, muito comum no uso da pílula diária. Após os 21 dias de uso, há uma pausa de sete dias e outro anel deve ser inserido.

Adesivo anticoncepcional:

Contém os mesmos hormônios das pílulas comuns, mas em forma de adesivo. Cada adesivo permanece na pele por uma semana e deve ser trocado por outro. Isso se mantém por três semanas e depois há uma pausa. Como no anel vaginal, vantagem é que a mulher não corre o risco de esquecer-se de tomar a pílula e os hormônios são absorvidos pela circulação. A eficácia é a mesma.

Implante hormonal:

Microbastão de hormônio que é colocado embaixo da pele, com anestesia local, e inibe a ovulação por até três anos. Assim como os métodos anteriores, a eficácia é alta e os hormônios são absorvidos diretamente pela circulação.

Métodos de Barreira

Camisinha masculina:

Método mais utilizado e popular que existe, a camisinha barra os espermatozóides logo após a ejaculação. Além de barata e eficiente, protege contra as doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS. Em geral é feita de látex e a maioria das pessoas não encontra problemas em usá-la. Deve ser colocada no pênis ereto e, na ponta, deixado um espaço vazio e sem ar, para que ali fique o esperma. Caso contrário, a camisinha pode estourar ou o esperma subir até a base do pênis. Quando bem colocada, sua eficácia em evitar a gravidez chega a 96%.

Camisinha feminina:

É feita em poliuretano, no formato de um saco, com dois anéis flexíveis em cada extremidade, sendo uma delas fechada. Parece complicado, mas a camisinha feminina é simples. Um dos anéis facilita a colocação e o outro segura a camisinha, além de proteger os pequenos e grandes lábios. Também evita DSTs, como a masculina e sua eficácia contra a gravidez é de 97%.

Diafragma:

Em formato de concha, o diafragma é um dispositivo feito de látex ou silicone, que a mulher insere na vagina, cobrindo o colo do útero e impedindo a entrada de espermatozóides. Deve ser utilizado com uma pomada espermicida, garantindo maior eficácia. O ideal é que seja indicado por um médico, pois sua escolha depende do tamanho do colo uterino. Os cuidados com a limpeza e o armazenamento são muito importantes para não causar infecções. É recomendado que se insira o diafragma de 15 a 30 minutos antes da relação sexual e retirado de seis a oito horas após a penetração. Sua eficácia fica em torno de 80%.

Dispositivo Intra-Uterino (DIU):

Os DIUs são dispositivos de plástico recobertos de cobre, inseridos na cavidade uterina pelo ginecologista. Eles evitam a fecundação, pois impedem que o espermatozóide alcance os óvulos, dificultando sua locomoção dentro do útero. Hoje, inclusive, já existem métodos que contém hormônios combinados ao dispositivo. Os DIUs mais modernos podem ficar no corpo da mulher por até 10 anos, mas para isso é preciso que ela faça um controle periódico com seu médico. O DIU é geralmente recomendado para mulheres que já têm filhos e que só desejam engravidar em alguns anos. Em alguns casos, ele pode apresentar desvantagens como dores abdominais, sangramentos, além de não ser recomendado para mulheres com cólicas fortes, hemorragias, alergia ao material e doenças como miomas ou anomalia intra-uterina. Em compensação é um método muito eficiente e garante contracepção em até 99% dos casos.

Métodos definitivos

Ligadura de trompas:

A laqueadura tubária é a esterilização da mulher. É um método cirúrgico, logo exige internação e anestesia geral ou regional, que consiste na ligadura ou corte das trompas de forma definitiva, impedindo que os óvulos alcancem o útero e, assim, haja o encontro e com os espermatozóides e, conseqüente implantação do embrião. Assim, a decisão de recorrer a esse método deve ser muito bem analisada levando em conta idade, a constituição da prole e o desejo de nunca mais ter mais filhos.

Vasectomia:

A esterilização do homem também não deixa de ser um método contraceptivo para a mulher. Consiste no corte do tubo que leva os espermatozóides dos testículos até as glândulas que fabricam o esperma, garantindo uma ejaculação normal, mas sem presença dos gametas masculinos. Assim como a laqueadura, a decisão de optar pela vasectomia deve ser muito bem pensada, pois é uma intervenção definitiva.

Métodos comportamentais

Tabelinha:

O método procura prever quando ocorre a ovulação da mulher e, assim, calcular o início e o fim do período fértil. Antes de tudo, a mulher deve analisar pelo menos os últimos seis ciclos menstruais para saber se este é regulado e quanto tempo dura. Teoricamente, a mulher é fértil no meio do seu ciclo. Ou seja, se ele dura 28 dias, a fertilidade máxima seria entre o 12° e o 16º dia, contando o primeiro dia da menstruação como 1º. Nesse período, é preciso abster-se de relações sexuais, ou optar por métodos de barreira como preservativos e diafragma. Mas lembre-se, a tabelinha é arriscada e só funciona para mulheres com ciclo menstrual regular.

Temperatura:

Quando a mulher ovula, sua temperatura corporal aumenta entre 0,3 e 0,8°C, pela ação hormonal. O método consiste em medir a temperatura oral, durante cinco minutos, pela manhã, após pelo menos cinco horas de sono, sem ter feito nenhum esforço e antes de comer. A mulher deve anotar os resultados durante pelo menos dois ciclos menstruais, desde o primeiro dia da menstruação até o período em que a temperatura se elevar por três dias consecutivos. Depois de estabelecer um padrão, ela poderá determinar o período fértil e evitar relações sexuais nesses dias. A desvantagem é que se por algum motivo, como doenças diversas, a temperatura for alterada, o método não é válido.

Muco ou Billings:

A mulher observa diariamente o muco vaginal, atentando para a quantidade de umidade e sua viscosidade e detectando se está ou não em seu período fértil. O muco surge cerca de três dias após a menstruação e, antes da ovulação, fica mais espesso e grudento. Quando percebe essa alteração, deve permanecer pelo menos quatro dias sem manter relações sexuais. É um método muito arriscado, porque depende da interpretação da mulher. E, geral, é usado pelos casais que querem engravidar, já que determina o período em que a mulher estaria ovulando.

Coito interrompido:

O coito interrompido é a tentativa de não haver a ejaculação dentro da vagina da mulher. O método é bastante falho porque antes mesmo do homem sentir que está na iminência de ejacular e retirar o pênis, já há a liberação de líquido que contém espermatozóides suficientes para fecundar o óvulo.


Por Dr. Humberto Tindó
Coordenador do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Quinta D'Or


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