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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia












Durante os nove meses de gestação, a mulher deve estar sempre atenta à sua saúde e à do bebê. Alimentação adequada, exercícios moderados e alguns cuidados são muito importantes para que esse período seja de felicidade e bem-estar. Além disso, entender algumas condições que podem ameaçar a saúde é fundamental para garantir uma gravidez saudável.

Duas doenças bastante graves podem aparecer nesse período e ameaçar a gravidez: o diabetes gestacional e a pré-eclampsia. Certamente, as mulheres que realizam um pré-natal bem orientadas por seus médicos já ouviram bastante falar de ambas. Porém, ter informação nunca é demais, especialmente porque a manifestação desses problemas tem muito a ver com o estilo de vida que se escolhe levar nesse período.

O diabetes gestacional é a alteração das taxas de glicose (açúcar) no sangue que surge, ou é identificado, pela primeira vez durante a gravidez e pode persistir ou desaparecer depois do parto. Como o diabetes do tipo 2, acredita-se que essa doença seja resultado de uma resistência exagerada à ação de insulina. Ainda não se sabe a causa exata, mas sim que a gestante naturalmente já tem uma tendência a desenvolver certa resistência e um conjunto de fatores de risco podem expor a mulher a maiores chances de desenvolver o diabetes.

Por exemplo: se a futura mamãe tem mais de 25 anos, é obesa, ou ganha muito peso durante a gestação, especialmente com concentração de gordura na região do tronco, é preciso estar atenta. Suas chances de desenvolver o diabetes gestacional aumentam muito. Da mesma forma, se ela tiver história familiar de diabetes, é preciso redobrar os cuidados. Outro fator que pode levar ao desenvolvimento da doença é o crescimento excessivo do feto e doenças como hipertensão e pré-eclâmpsia, que explicarei melhor, em seguida.

Ter atenção às gestações anteriores também é super importante. Se a mãe tiver gerado bebês com excesso de peso, ou já tiver desenvolvido a doença anteriormente, é possível que isso venha a se repetir em gestações futuras. Problemas obstétricos como morte fetal, ou neonatal também indicam mais cuidado com a gravidez atual.

Durante a gravidez, o corpo da mulher (mais especificamente, a placenta) produz hormônios importantes para o desenvolvimento do bebê. Estes aumentam a sua resistência à ação da insulina. Por isso, especificamente a partir da 24ª semana de gestação, é importante que a mamãe faça exames que verifiquem a possibilidade de desenvolvimento da doença. E nessa altura que as taxas hormonais ficam mais elevadas e o diabetes gestacional costuma surgir. O mais grave é que mulheres que passam pelo problema durante a gravidez, costumam ter mais chances de desenvolver o diabetes do tipo 2 depois de ter o bebê.

O tratamento inicial costuma ser dieta alimentar elaborada por uma nutricionista, exercícios físicos sob orientação e acompanhamento médico regular. No caso do diabetes, é preciso também cuidado rígido com as taxas de glicose e, em alguns episódios, a aplicação de insulina.

E mais: com o aparecimento do diabetes, é possível que ocorra também o desenvolvimento da pré-eclampsia, também conhecida como toxemia. Na prática, para a gestante, a pré-eclâmpsia se manifesta como aumento de pressão arterial (hipertensão) e inchaço por retenção de líquidos (edema). Não é preciso alarde, porque a doença pode ser evitada e controlada. Só que, se não diagnosticada rapidamente, a pré-eclâmpsia pode evoluir para um quadro de eclampsia, levando a convulsões, coma e, em alguns casos, também pode ser fatal.

Cerca de 10% das grávidas chegam a apresentar quadros de pré-eclâmpsia, na maiora das vezes, de forma leve e, costumeiramente, na segunda metade da gestação. A ameaça para o bebê é que ela porque pode diminuir o fluxo de sangue para a placenta. Se a mãe tem problemas de pressão alta, casos de hipertensão na família, as chances de apresentá-la aumentam. Da mesma forma, as mamães de primeira viagem também costumam estar mais expostas ao problema.

Além de uma boa alimentação antes e durante a gravidez, não existe uma forma de prevenir a doença. Contudo, com um bom pré-natal e realizando os exames indicados pelo médico, a gestante consegue detectar o problema ainda no início e pode seguir o tratamento correto, sem maiores riscos para ela ou o bebê. O tratamento indicado é, em geral, repouso e ingestão de pouco sal. Em casos mais graves, o médico também pode indicar internação hospitalar e antecipação do parto.

Para não correr riscos desnecessários, toda a mulher deve ter consciência de que o momento da gravidez é especial e demanda cuidados. Assim, manter o acompanhamento pré-natal regular e ter a seu lado um médico de confiança é indispensável. Se você vai ser mãe, converse bastante com seu médico a respeito desses problemas, pois, estando informada, você pode ter uma gravidez tranquila e garantir muita saúde para você e seu bebê!


Por Dra. Maria Cecília Erthal
Chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Barra D'Or

Clique no ícone e ouça a Dra. Maria Cecília Erthal falando sobre diabetes gestacional e pré-eclâmpsia


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